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Cabaceiras PB - A Roliúde Nordestina

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Bem-vindo a Roliúde!

Versão tupiniquim da mítica Hollywood, Cabaceiras, no sertão da Paraíba, é cenário de vários filmes brasileiros.
MARCELO MIRANDA/ ENVIADO ESPECIAL CABACEIRAS

" José Nunes Neves, o Zé de Cila, tem 61 anos e uma trajetória no cinema que totaliza três trabalhos em longa- metragem. São poucos, mas todos significativos: "O Auto da Compadecida", "Cinema, Aspirinas e Urubus" e "Canta Maria".

Em todos, Zé de Cila participou como ator. Só que o espectador ou não o viu ou nem o percebeu. Ele é um dos 4.296 moradores do pequeno município de Cabaceiras, localizado no interior da Paraíba, na seca região do Cariri, sertão adentro a quase 200 km da capital João Pessoa.

Como boa parte da população local, Zé de Cila se envolveu na produção de filmes há uma década, quando a equipe de "O Auto..." aportou ali em frente à sua vendinha de artesanato procurando atores para figuração.

Isso porque Cabaceiras tem sido considerada uma versão tupiniquim e sertaneja da mítica Hollywood, em Los Angeles. Cabaceiras virou a Roliúde Nordestina " com direito a letreiro branco na estrada que lhe dá acesso.

"Eu estava aqui quietinho quando bateram na minha porta", relembra Zé de Cila, em referência à equipe do filme de Guel Arraes. Famoso pelas histórias intermináveis e pela simpatia em todas as horas do dia e da noite, Zé não nega prosa.

O repórter do Magazine esteve na casa do sujeito numa sexta-feira, perto das 20h. Ele assistia à TV (o desenho animado "Tom e Jerry") e prontamente iniciou os "causos" quando perguntado sobre a experiência em cinema.

"Eu fui um religioso no "Auto da Compadecida". Passava o dia inteiro "empacotado" numa roupa de padre". Como recordação da experiência, Zé tem várias fotos das filmagens " sendo a melhor delas a que posa ao lado do colega de elenco Paulo Goulart. E onde está Zé de Cila em "O Auto da Compadecida""

"Eu ia ser um "dublê" do Rogério Cardoso. Só que não entrou a cena. Mas você pode ver a minha mão quando o Matheus Nachtergaele é expulso da igreja. Fui eu que empurrei ele!", orgulha-se.

A figura de padre não combina muito com Zé de Cila. Sua fama em Cabaceiras é a de ser o maior "consolador de viúvas" da região. Consta que mais de 20 infelizes recém-descasadas por força da morte do marido foram consoladas por Zé.

"Viúva é o melhor tipo de mulher. Está carente, precisando de ajuda e força. Eu vou lá e me solidarizo com ela", desconversa, antes de fazer um gesto levemente obsceno.

Mas não há nada de grosseiro em Zé de Cila. O encanto de suas palavras e o carisma natural o credenciam na árdua tarefa de apagar a dor das viúvas. Em "Cinema, Aspirinas e Urubus", sua participação foi ainda menor do que em "O Auto...", mas um pouco mais condizente com seu jeito descolado.

"Fui convidado para interpretar um burguês que ia aparecer numa cena de cabaré. Imagina só! Ficava vestido de burguês rico, mas tinha só R$ 15 no bolso".

Sobre a cena em questão, Zé relembra que tinha instruções de "não falar nada e só ficar andando no cabaré, namorando, tomando umas aqui e ali...". A cena entrou no filme" "Eu não me lembro de ter visto quando assisti. Mas sabe como é, cinema filma muito e depois tem que cortar", justifica.

Orgulho
Ainda que sequer apareça de corpo inteiro nos filmes que participou, Zé de Cila mantém ânimo invejável. Fez curso de teatro (quando encenou peça inspirada em sua fama de "viuveiro") e sempre espera um novo convite.

Esse orgulho manifestado por Zé quanto ao aspecto "roliudiano" da cidade é notório num passeio por Cabaceiras. Num lugar em que todos se conhecem e sabem de tudo, o fascínio pela característica de ser cenário de diversas produções de cinema não é escondido.

Os olhos brilham quando o assunto vem à tona, as histórias se acumulam e a "intimidade" e amizade com Selton Mello, João Miguel, Denise Fraga, Diogo Vilela e tantos mais parece coisa natural. Natural também é a escolha de Cabaceiras como espaço de filmagens.

Os motivos são vários. Aqui está o menor índice pluviométrico do Brasil. Há, no máximo, uma grande chuva por ano (e olhe lá), o que ajuda muito o cumprimento de cronogramas de produção sem maiores incidentes naturais.

Tem ainda o centro histórico, patrimônio conservado de construções antigas " incluindo a Igreja Nossa Senhora da Conceição, espécie de marco-zero de Cabaceiras: sua fundação, datada de 1835, foi o estopim para a emancipação da vila fundada em 1720.

E, claro, a receptividade do cabaceirense, sempre disposto a atender as demandas das produtoras.

"Precisamos tratar bem para que eles voltem", afirma uma guia de turismo da prefeitura local. Outro guia, este de um memorial fundado numa das ruas e espaço de todo material referente a filmes realizados aqui, conta que Cabaceiras não era valorizada pelos próprios moradores.

"Não prestávamos muita atenção no potencial da cidade. Quando o cinema começou a aproveitar o nosso espaço de um jeito tão legal, passamos a perceber a necessidade da gente preservar e defender a comunidade em que vivemos".

O cinema, afinal, salvou Cabaceiras de ser apenas mais uma das centenas de localidades encravadas na caatinga nordestina. "Tudo isso serve até para a nossa auto-estima", completa o guia.

Serve tanto que até o Judiciário se adapta ao contexto cinematográfico de Cabaceiras: a rua de terra atrás da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, usada em inúmeras cenas-chave de "O Auto..." e "Cinema, Aspirinas e Urubus", está proibida por lei municipal de ser asfaltada " justamente porque é constantemente utilizada para retratar outras épocas do Brasil.

A prefeitura registra 11 produções que tiveram cenas filmadas em Cabaceiras. Entre realizações de sucesso e outras pouco vistas ou inéditas, constam "O Auto da Compadecida", "São Jerônimo", de Júlio Bressane, "Viva São João", de Andrucha Waddington, "Eu Sou o Servo" de Eliezer Rolim, "Madame Satã", de Karim Ainöuz, "Terras de Cabras", de Jaqueline Lieda, "Canta Maria", de Francisco Ramalho Jr, "Tempos de Ira", de Marcélia Cartaxo, "Desvalidos", também de Ramalho, "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo Gomes, e "Romance", novo projeto de Guel Arraes.

Enchentes na seca
"É Tristão e Isolda no sertão da Paraíba!", define um dos moradores, perguntado sobre o que trata o quarto longa de Guel Arraes, em fase de finalização.

Boa parte das cenas de "Romance" foram filmadas no Lajedo de Pai Mateus, formação rochosa a 14 km do centro de Cabaceiras e cujo pôr-do-sol é o mais famoso do Estado.

Reza a lenda que o lugar é místico e energizador, muito por conta do citado pai Mateus, curandeiro que teria vivido ali em meados do século XVIII.

De fato, o lugar arrebata. Entre rochas maiores do que ônibus e espaços a céu aberto que dão para um azul cristalino e iluminado, o lajedo seduz e espanta a quem se dispuser a caminhar nos seus arredores. Uma história curiosa ronda a produção de "Romance".

No começo do ano, a equipe montou toda a estrutura de filmagem em região próxima ao lajedo e, por semanas, fez as cenas que, dentro do enredo do filme, passam-se no sertão. Um dia depois de desmontar os cenários, uma chuva (!) desabou e inundou todo o espaço onde estavam os equipamentos.

"Parece que o céu esperou eles acabarem o filme", comenta outro morador. Pois, apesar de ser a localidade com menos chuvas no país, Cabaceiras não sofre falta de água.

O recorde ainda é o período entre 1952 e 1960, quando a cidade não viu gota de orvalho que fosse ao longo desses oito anos. Em outras épocas, são Pedro abre as torneiras. E quando isso acontece, as inundações são freqüentes.

"O município mais seco sofre com enchentes", é o que se ouve, em tom de ironia, da boca de habitantes. Enquanto a chuva não vem (quando vem), o município se abastece pelo açude Boqueirão, regado pelo rio Taperoá.

Lajedo de Pai Mateus recebeu no concurso da Assembléia Legislativa 6.198 votos dos internautas

Pai Mateus conquista 1º lugar das ‘7 Maravilhas da Paraíba’

     Com 6.198 votos dos internautas, o Lajedo de Pai Mateus, localizado no município de Cabaceiras, no Cariri, ficou na primeira colocação do concurso realizado pela Assembléia Legislativa das ‘7 Maravilhas da Paraíba’.  Eleição foi apertada e cinco das opções receberam mais de cinco mil votos e os dois últimos escolhidos tiveram mais de 4,7 mil.
     Em segundo lugar, ficou a Igreja de São Francisco (5.841 votos), seguido de Ponta do Seixas (5.707 votos). O Cristo Rei, em Itaporanga, ficou com 5.667 votos, deixando as outras posições para a Pedra do Ingá, o Memorial Frei Daminhão, localizado em Guarabira, e o Vale dos Dinossauros, em Sousa.
     A iniciativa da competição foi da deputada Socorro Marques que afirmou que as ‘7 Maravilhas da Paraíba’ serão transformadas em projeto de lei que será apresentado oficialmente em uma sessão especial. Além disso, ela comentou que uma empresa de telefonia pretende colocar nos cartões de ligação a foto das belezas escolhidas pela população. “A próxima etapa agora é elaborar o projeto para que seja aprovado. Com isso esperamos alavancar o turismo da Paraíba e além de ser um pretexto para os poderes públicos darem mais atenção a esses lugares, que muitas vezes estão abandonados”, comentou a deputada.
     O concurso teve também a cooperação da PBTur na elaboração da lista de localidades e segundo a presidente do órgão, Cléa Cordeiro, muitos dos lugares escolhidos já são trabalhados como roteiros turísticos do Estado em feiras nacionais e em algumas agências e operadoras de turismo. “É muito bom ter esse canal para ouvir os paraibanos que votaram em seus lugares preferidos. O concurso causou um envolvimento das pessoas que até citaram e deram novas idéias”, concluiu Cléa.
     A votação incluía em sua lista de possibilidades cerca de 30 belezas, entre elas a Pedra da Boca (Araruna), o tradicional Pôr-do-Sol do Jacaré (Cabedelo) e a Cachoeira do Roncador (Bananeiras). O resultado final e a lista completa pode ser conferido através do endereço (www.al.pb.gov.br).


Turismo como alternativa de desenvolvimento do semi-árido

.Ações desenvolvidas pela prefeitura para a promoção do turismo

Consiste na identificação, reconhecimento e promoção de aspectos ligados à história, cultura, meio ambiente, artesanato, arqueologia e comportamento do povo cabaceirense. A prefeitura resgatou festas populares tradicionais, como os festejos juninos, criou novos eventos a exemplo da Semana Cultural e da “Festa do Bode Rei”. Criou o Museu Histórico e Cultural do Cariri Paraibano. O fato de o município ser conhecido como o lugar que chove menos no Brasil, passou a ser aproveitado turisticamente. Um dos slogans promocionais é: “Cabaceiras sol pra você”. Portanto, o que antes representava vergonha para os nativos, hoje é motivo de convite para os visitantes: “venha conhecer esta terra que tem sol o ano inteiro”.


A “Festa do bode Rei”



Entre os eventos criados, a “Festa do Bode Rei” é a de maior projeção turística para o município. O festival recria o cenário de antigos castelos, com muradas reais, praça e a residência de sua majestade, o bode. Durante o evento também acontece desfile da “comitiva real”, composta pelo “Bode Rei”, “Cabra Rainha”, príncipe e princesa nas principais ruas da cidade.


 

O bode é coroado como rei dos animais do Cariri por sua importância na economia da região e pela sua capacidade de resistência e adaptação à seca. A cidade possui o terceiro maior rebanho da Paraíba, com cerca de 20 mil cabeças, distribuídas por cerca de 400 caprinocultores (se levar em consideração a formação da família em torno de quatro pessoas, pode-se supor que apenas a criação envolve, diretamente, 25% da população do município).


 

A festa se constitui num grande festival de animais, produtos, serviços e cultura ligados ao mundo dos caprinos e ovinos que atrai turistas da Paraíba, dos estados vizinhos e distantes e até do exterior. A festa acontece em quatro partes distintas interligadas entre si: Parque do Bode Rei, onde é realizada a expofeira de animais, produtos e serviços da caprinovinocultura, com desfile e exposição de animais (julgamento de raças); Arraial do Bode Rei, ambiente destinado à exposição do artesanato; Praça de Alimentação (espaço da gastronomia regional, também chamada de “culinária bodística”, com iguarias como pizza, hambúrguer, buchada, lingüiça, almôndega, carne de sol de bode); Amostra de bens culturais com companhias de danças, quadrilhas, forró pé-de-serra, “bumba-meu-bode” e a Praça do Bode Rei, o lugar onde acontece os shows e as apresentações musicais.


 

A Divisão de Cultura da Prefeitura Municipal criou a Companhia de Cultura do Município, que tem produzido vários espetáculos de dança e teatro. Com o espetáculo “Bumba Meu Bode”, já se apresentaram em vários eventos regionais e nacionais, entre eles, o VIII Festival do Folclore da Fundação Joaquim Nabuco no Recife - PE e no Festival Nacional de Artes (Fenart) em João Pessoa – PB. A culinária regional é outro aspecto aproveitado turisticamente. A cada ano, durante a “Festa do Bode Rei”, a Prefeitura promove o Festival Nacional de Buchadas e o Festival Gastronômico, como forma de promover a culinária regional, aumentando a competitividade dos negócios. A importância deste evento é representada pelo fato de a cidade, com menos de cinco mil habitantes, receber quarenta mil visitantes em apenas uma semana.


O Museu Histórico e Cultural do Cariri paraibano

Este espaço conta a história da região e de sua população através de peças que são verdadeira relíquias do passado. O município de Cabaceiras, que preserva boa parte da arquitetura original, apresenta-se como cenário para uma visita dos detalhes de uma Paraíba cabocla. Este espaço está implantado no antigo prédio da cadeia pública da cidade e na antiga residência oficial do prefeito. O primeiro prédio data de 1890, passando por um processo de restauração, onde foi preservada a arquitetura da época e investiu-se na recuperação de peças com valor histórico para o Estado como a descoberta de inscrições com nomes, datas e até frases nas telhas que cobriam a cadeia, além de vestígios da antiga calçada e de peças artesanais. A residência do prefeito era um prédio que despertava muita curiosidade por parte da população, mas servia para promover um distanciamento entre poder executivo e os cidadãos, já que apenas um grupo muito restrito tinha acesso a esta casa.


 

O espaço abriga a história da caprinocultura, desde a sua aparição na pré-história até os tempos atuais, apresentando toda a cadeia produtiva e sua importância para sua economia local, além de atuar como atrativo turístico para o município e fonte de pesquisa e estudo. Uma casa de alpendre com sala, cozinha e toda a indumentária dos criadores de caprinos da região também faz parte do museu, que conta com fogão de barro, tamboretes, bancos, sandálias, totalizando mais de 200 referências ligadas à tradição local.