cabaceiras, paraiba, nordeste, festa, bode rei

Cabaceiras PB - A Roliúde Nordestina

Ninja!

30 de Julho de 2010 // Há 66 anos, morria em Campina Grande o temido Antônio Silvino

 

Picture
Campina Grande - Aparentemente, a praça Félix Araújo, situada no bairro do Monte Santo, em Campina Grande, é apenas mais uma das tantas existentes na cidade. O que poucos sabem é que, por trás das árvores, bancos e pedras da praça se esconde um valioso tesouro, perdido no tempo e na história.

Na esquina das ruas Presidente João Pessoa e Arrojado Lisboa, existia uma casinha simples, que por sete anos abrigou Manoel Batista de Morais, o "Antônio Silvino", um dos precursores do cangaço, famoso antes do surgimento de Lampião, nos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.

A casa, já demolida, ficava onde hoje funciona uma loja de automóveis e pertencia a Teodulina Aires Cavalcanti. O hóspede de Teodulina parecia ser pacífico. Andava com a Bíblia debaixo do braço e não gostava de falar de seu passado. "Ele era muito reservado. Dizia que tinha sepultado sua identidade", conta o pesquisador João Dantas. Nos últimos anos de vida, Antônio Silvino dividia seu tempo entre a casa da Teodulina e a Igreja Congregacional da Rua 13 de Maio, no centro da cidade.

A bisneta dele, Nádia Andrade da Silva, de 53 anos, ouvia a mãe, Maria Marciano de Andrade, dizer que Silvino era um velho bondoso. "Minha mãe contava muita história dele. Ela não falava que ele era uma pessoa tão temida. Não parecia ser um homem que amedrontava" revela Nádia, orgulhosa de ser parente do cangaceiro. O agricultor Paulo Roberto, 48, sobrinho dela e tataraneto do cangaceiro, também ouvia muitas histórias sobre o tataravô, mas nunca acreditou que ele tivesse sido um bandido.

Pernambucano de Afogados da Ingazeira, pequena cidade situada às margens do Rio Pajeú das Flores, no Sertão pernambucano, Silvino escolheu a casa modesta de taipa em Campina Grande para se refugiar nos últimos dias de sua vida, depois de ser solto, por ordem do então presidente Getúlio Vargas, após passar 22 anos na cadeia. Ele comandava um bando de cangaceiros quando herdou o nome de Antônio Silvino. Batizado de "rifle deouro" e autointitulado "governador do Sertão", durante 16 anos organizou saques, assassinou políticos, ignorou a polícia. Preso em 1914, foi anistiado em 1937. Morreu aos 69 anos, no dia 30 de julho de 1944, e foi enterrado no cemitério do Monte Santo, quase ao lado da praça onde passou boa parte de seus últimos dias.

Robin Hood - Nádia é uma das poucas bisnetas de Silvino ainda viva. Ela conta que o homem que espalhava o medo pelo Nordeste tinha um lado romântico. Nádia diz que cresceu ouvindo histórias de que o bisavô costumava roubar dos ricos para dar aos pobres. Apesar das supostas "boas intenções", ela não tem dúvidas de que o Silvino era um bandido. Mas custa acreditar que o bisavô era o monstro que se pintou na região. "Eu perguntava a minha mãe porque o meu bisavô tinha virado um bandido. Ela respondia que tinham matado o pai dele, o que criou um sentimento de vingança". Segundo Nádia, sua mãe se encontrou diversas vezes com Antônio Silvino, às escondidas. Com orgulho, a dona de casa apresentou várias fotos, entre elas uma de Antonio Silvino já mais velho, de chapéu e vestido com um terno gasto pelo tempo.

Desejo de vingança

Não foi por acaso que Antônio Silvino escolheu Campina Grande para viver os últimos dias de sua vida. Ele tinha laços profundos com a cidade e muitos coiteiros, que lhe davam cobertura. Por conta dessas amizades, ele atuou nos municípios próximos. No auge da vida de bandoleiro, agiu em Fagundes, Esperança, Monteiro, Alagoa Grande e Cabaceiras, até ser preso e levado para a Casa de Detenção, no Recife, onde ficou 22 anos.

Quando foi solto, Silvino resolveu morar em Campina Grande, na casa de uma prima do cangaceiro Silvino Aires Cavalcanti, chamado de Silvino Torto. Manoel Batista de Morais - mais tarde transformado em Antônio Silvino - entrou no cangaço motivado pelo desejo de vingar a morte do pai, Francisco Batista de Morais, conhecido como Batistão, assassinado na Serra da Colônia, no limite entre Paraíba e Pernambuco. Quando Silvino Torto morreu, Manoel Batista adotou o nome do líder e passou a se chamar Antônio Silvino. "Foi uma forma de ele homenagear Torto", conta o pesquisador João Dantas.

Antônio Silvino, segundo Dantas, foi um dos mais importantes personagens do cangaço. Antecessor de Virgulino Ferreira, o Lampião, ele substituiu cangaceiros como Jenuíno Brilhante, Cabeleira, Adolfo Meia-Noite, Preto, Lucas da Feira, Moita Brava, Silvino Aires e o próprio pai, Batistão. Segundo relatos da época, Silvino não praticava certas barbaridades, como estupros ou atos de extrema violência. Tinha um coração sensível.

Memorial - Um marco foi erguido por João Dantas no cemitério de Monte Santo, em Campina Grande. No local, garante ele, Antônio Silvino foi enterrado. O coveiro aposentado José Medeiros Maciel confirmou que o lugar é o mesmo onde Antônio Silvino foi enterrado. Medeiros trabalhou como coveiro 35 anos em Monte Santo e diz que conheceu o administrador do cemitério na época do sepultamento do cangaceiro. Dois anos e meio após o falecimento, os coveiros enterraram os restos mortais do cangaceiroem outro lugar do cemitério, até hoje desconhecido, porque a família não apareceu para retirar os ossos.


História

       Foi fundador de Cabaceiras o Capitão-mór Domingos de Faria Castro, português nascido em Cheleiros, casado com a caririense Isabel Rodrigues de Oliveira, filha de Isabel Rodrigues e do Capitão Pascácio de Oliveira Ledo, do clã dos Oliveira Ledo, sertanistas e grandes sesmeiros na Paraíba. Ao casar com o então Tenente Domingos de Faria Castro, Isabel Rodrigues de Oliveira levou como dote uma légua de terra, sítio denominado Pasto das Bestas; e sua irmã Cristina Rodrigues de Oliveira, casada com o Capitão Antônio Ferreira Guimarães, levou por dote uma parte do sítio Cabaceiras, no valor também de 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis). Posteriormente, o primeiro dos genros acima comprou do sogro Pascácio de Oliveira Ledo, por escritura, o restante do mesmo sítio Cabaceiras, por 500$000 (quinhentos mil réis) e a transformou na Fazenda Cabaceiras, com muito gado, casa de farinha e alambique. Em 1735, por devoção de sua mulher, o Capitão-mór Domingos de Faria Castro construiu a Capela de Na. Sra. da Conceição. Em torno dela começou o povoado, que seria transformado, em 1834, em Vila Federal de Cabaceiras. No ano seguinte, em 1835, foi criada a paróquia de N. S. da Conceição, de Cabaceiras. Em 1885, foi alterado o nome da sede municipal para Vila de Cabaceiras e, pelo Decreto-lei n. 1.164, de 15 de novembro de 1938, foi-lhe dado o título de cidade. A grande maioria dos habitantes de Cabaceiras e das cidades vizinhas descende do casal Capitão-mór Domingos de Faria Castro e Isabel Rodrigues de Oliveira, através dos seus filhos: Isabel Rodrigues de Faria, 1ª esposa do Coronel José da Costa Romeu; Ana de Faria Castro, casada com o futuro Capitão-mór Antônio de Barros Leira; Sargento-mór Inácio de Faria Castro, casado com Ana Maria Cavalcante; Maria de Faria Castro, casada com o Sargento-mór Manuel Tavares de Lira; Capitão Filipe de Faria Castro, casado com Maria da Purificação.

          Na História de Cabaceiras consta que ao Município foi anexado ao povoado de Boa Vista, em 25 de Outubro de 1918. ( Bôa Vista de Sancta Roza, de Fazenda à municipalidade, Francisco de Assis Ouriques Soares, Epgraf, Campina Grande, 500 páginas, 2003)

       O Coronel Manoel Maracajá (Manoel Medeiros Maracajá) governou o Município por 15 anos. Trouxe para Cabaceiras, em 1923, luz elétrica. Segundo alguns entrevistados, o Coronel Manoel Maracajá, foi o melhor Prefeito da Cidade, único a ter residido na cidade durante toda a gestão. Também consta como feitos seus para a cidade, a contratação do Professor Francisco Vieira Pereira, Chico Pereira, que mais tarde teria se refugiado em Taquaritinga do Norte, Pernambuco, perseguido pela Revolução de 1930. O Professor Chico Pereira, como era conhecido, veio a residir na cidade das Vertentes, agreste Pernambucano, e atuado como advogado rábula naquela cidade. Após a morte do Coronel Manoel Maracajá, a viúva, Maria Borges Maracajá, casou-se com o Professor Chico Pereira, ambos falecidos e sepultados em Vertentes, Pernambuco.

          Manoel Maracajá, ou Coronel Manoel Maracajá, era filho de Patrício Freire Mariz Maracajá, e de Virgínia de Medeiros Maracajá. Foi criado na Fazenda Araras, município de São João do Cariri. Tinha como irmãos: Raulino Medeiros Maracajá( Major Raulino), José Medeiros Maracajá (Zeco Maracajá), Luiz Medeiros Maracajá(Major Luiz), e Patrício de Medeiros Maracajá (Major Patrício). O prédio da Prefeitura de Cabaceiras, localiza-se na Rua Coronel Manoel Maracajá, atualmente.

         O Coronel Manoel Maracajá, era casado com a primeira-dana do Município, Maria Borges Maracajá. Foram pais de quatro filhos: José Borges Maracajá, Zezé; Luiz Borges Maracajá, Luiz; Adilson Borges Maracajá, Adilson; e, Maria Alice Maracajá, Laly, que mais tarde passou a assinar-se como Maria Alice Maracajá Baptista. O Coronel Manoel Maracajá, faleceu em Cabaceiras e foi sepultado no Cemitério local, em 7 de Abril de 1927. (escrito e revisado por Marcos Maracajá, bisneto do Coronel Manoel Maracajá)

ORIGEM DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO E FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA.

De acordo com o que diz a tradição, o capitão Antônio Ferreira Guimarães e o tenente Domingos de Farias Castro, sendo o primeiro, dono da fazenda Bertioga e o segundo, dono da fazenda Passagem, morando nos extremos da antiga fazenda Cabaceiras e sendo muito religiosos, combinaram levantar uma capela no lugar onde se encontrassem, partindo cada um a pé da casa grande de suas propriedades.

 Os dois povoadores se encontraram e trocaram saudações numa elevação de terra ao norte da cidade, junto a um riacho que mais tarde recebeu o nome de Riacho da Igreja.

Provavelmente foi esta capela, construída no ano de 1720 em honra e glória a N. S da Conceição que serviu provisoriamente de igreja matriz, logo depois da posse do vigário Plácido da Silva Santos que cuidou da edificação da matriz, substituindo assim a antiga erguida.

A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Município de Cabaceiras, foi criada por força de lei provincial de número 41, do dia 29 de agosto do ano de 1835 e provida canonicamente por Sua Excelência Reverendíssima Dom João da Purificação Marques Perdigão, Bispo de Olinda, pernambucano nomeando como seu primeiro vigário o Padre Plácido da Silva Santos.

 Até o ano de 1959, a paróquia de N. S. da Conceição de Cabaceiras, contava com o Centro do Apostolado da Oração, Pia União das Filhas de Maria, Conferência Vicentina, Obra das Vocações Sacerdotais, Irmandade de N. S. do Desterro fundada em 1886 e a de N. S. do Rosário, posteriormente.

A paroquia de N S da Conceição abrangia nesta época 2796 km e a população do município atingiu a 30.954 habitantes. Limitava-se ao norte com a paróquia de S J do Cariri, a leste com sede Episcopal de Campina Grande, ao sul com as paróquias de Aroeiras e Umbuzeiro e a Oeste com a paróquia de Surubim, da Província Eclesiástica de Olinda, Pernambuco.

Relação de paróquias 

Alcantil – São José, distante 78 km da sede paroquial.
Algodoais – Santo Antônio, distante 18 km da sede paroquial.
Charneca – Santo Antônio, distante 3 km da sede paroquial.
Estreito – Santo Antônio, distante 3 km da sede paroquial.
Jacaré – Santana, distante 72 km da sede paroquial.
Marinho – Santa Terezinha, distante 36 km da sede paroquial.
Mororó – Santa Luzia, distante 78 km da sede paroquial.


 


A IGREJA DO ROSÁRIO E A FESTA DE REIS.

O historiador Antônio Pereira de Almeida, nos diz que a igreja do Rosário foi construída no ano de 1860 a mando do major João Ferreira Guimarães e de sua esposa Dona Ignácia Thereza de Jesus, vindo os mesmos a serem sepultados anos mais tarde na referida capela. O major Guimarães era senhor de muitos escravos e dono da grande fazenda Passagem.

Segundo nos revela a História, ele deixava que os seus escravos fizessem suas festas religiosas (afro – brasileira), na capela acima mencionada. Foi assim que surgiu a tradicional Festa de Reis de Cabaceiras.
 Nesta festa, os escravos se tornavam dono de si e escolhiam o seu rei e a sua rainha. Estas festividades continuaram também depois da abolição da escravatura.

Os reis que se tem conhecimento foram: João da Caridade e Rita, Matias do Jacaré e Francisca ( Tia Chica), que eram acompanhados pelo negro Tomé de Angola que dançava o Coco na frente da procissão; Dona Veneranda e Antônio Gonçalo de Maria, que reinaram muitos anos, mas bem próximos do fim do seu reinado não saiam mais na procissão nem na missa. Só eram reis nas reuniões.
Depois de sua morte acabou-se a tradição, tornando a festa de reis menos animada e sem o seu casal real.

 No ano de 1985, Ademar Francisco de Oliveira e Tereza Severina de Oliveira retomaram a tradição e acompanharam a procissão, participando também das demais solenidades vinculadas a tradicional festa da igreja do Rosário.
Forçado pelas circunstâncias, o casal real poucas vezes depois desta festa, se apresentou em público e a tradição que parecia haver ressurgido, novamente é sepultada no passado da nossa História...