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Cabaceiras PB - A Roliúde Nordestina

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terça-feira, 17 de agosto de 2010
CHAPÉU DE COURO: O capacete do vaqueiro nordestino

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“Quem usa chapéu de couro
simboliza a região,
tem as raízes da terra
plantadas no coração”
Biliu de Campina

O Chapéu de couro é um símbolo do vaqueiro nordestino e faz parte da indumentária de proteção juntamente com o gibão e a perneira. Com esse conjunto o vaqueiro está pronto para se embrenhar na caatinga e capturar aquele boi mandingueiro, sem medo de se estrepar nos garranchos. “Vaqueiro que é vaqueiro só tira o chapéu de couro pra tomar banho, dormir ou quando está na missa.” É o que costuma declarar nas rodas de amigos o vaqueiro Manoel de Germano que aos 60 anos ainda se dana dentro do mato atrás de boi brabo.

A indústria cultural não conseguiu tirar de circulação o velho e autêntico chapéu de couro, usado por Luiz Gonzaga, Lampião, Dominguinhos, Santana e tantos outros. Surgiram variações, mexeram no designer, inventaram novas técnicas de tratar o couro, mas ele continua firme e forte na cabeça dos nordestinos e até mesmo de turistas internacionais.

Atualmente a maior produtora de chapéu de couro do Brasil é a cidade de Cabaceiras no Carirí paraibano, situada a 180Km da Capital João Pessoa. Cabaceiras é uma das cidades que menos chove no mundo e é conhecida como a”Roliúde Nordestina” por atrair produções cinematográficas, a exemplo do filme Auto da Compadecida,gravado no município.

Cabaceiras possui um dos maiores rebanhos de ovinos e caprinos do estado. É um grande celeiro de artesanato em couro, a partir da pele de bode, curtida através de processo vegetal e utilizado na confecção de bolsas, sandálias, cintos, coletes, gibão, chaveiros, celas, arreios e o tradicional chapéu de couro.

A ARTEZA , uma cooperativa situada no Distrito de Ribeira à 14Km da cidade, reúne 8 fabricas de artefatos em couro, seis com sede no próprio distrito e duas em Cabaceiras. Atualmente mais de 300 pessoas, que antes não tinham renda, estão envolvidas no trabalho de produção de artefatos, inclusive na fabricação do chapéu de couro.

Em companhia do artesão José Carlos Castro, presidente da ARTEZA, visitamos algumas das fabricas em Ribeira. Uma delas foi a de seu José Guimarães que mandou abrir o seguinte letreiro na fachada: ARTESANATO DO ZÉ, O REI DO CHAPÉU DO CHIFRE. Eles fabrica diferentes modelos de chapéus com destaque para o chapéu de couro que já vem com um par de chifres de bode.

Lá dentro da oficina, uma grande surpresa. Quando você pensa em couro de animal logo vem à lembrança daquele cheiro forte. Pois é, não foi assim. Essa é a grande diferença do material que é produzido na região de Cabaceiras. Em parceria com a UFCG – Universidade Federal de Campina Grande a ARTEZA desenvolveu uma técnica de tratamento do couro que envolve a fermentação, no qual ele não fica com aquele cheiro forte que estamos acostumados a sentir por aí.

Para Carlos Castro, a grande vantagem de se trabalhar com o couro de caprinos e ovinos é a elasticidade, a facilidade com que ele ganha forma, diferente do couro do boi. Experiente, Carlos nos deu uma aula de como fabricar o chapéu. O couro do animal é levado para o curtimento vegetal. Lá ele é tratado, pode permanecer cru, com ou sem pelo, ser tingido ou não.

Na segunda parte o couro é cortado, dependendo das medidas determinadas. Tudo feito à mão por jovens artesãos. No início eles tiveram que promover uma espécie de campanha para recrutar jovens para trabalhar nas oficinas e conseguiram treinar 30 pessoas. Na última vez que abriram vagas já foram 167 interessados que desta vez participaram de uma seleção. Eles têm que ter bom desempenho escolar para poder trabalhar nas fábricas.

Depois do corte o couro é molhado para ficar mais elástico e assim ser colocado nos moldes. É lá que eles ganham forma e vão para a secagem. Esse processo depende da temperatura ambiente e pode durar duas horas ou mais. Como chove pouco por lá, isso não é um grande problema.

Em seguida, o chapéu ganha a aba que vai proteger o rosto do vaqueiro do sol. Na Paraíba ela se caracteriza por ser curta. Em regiões como a Bahia ela costuma ser maior. Mas na oficina do Zé eles fazem de acordo com o gosto do comprador, com o pelo do animal e a aba branca, por exemplo.

A última etapa é a costura. Primeiro ele vai para a máquina de costura reta receber o acabamento, mas os desenhos e aplicações ficam por conta da máquina a mão, que apesar de ser mais trabalhosa é quem vai dar riqueza de detalhes ao chapéu.

Carlos castro viu o pai, José Ambrósio de Castro, produzir chapéus e trabalha com isso desde criança. Com apenas treze anos foi questionado por ele sobre o que queria fazer da vida. Carlos não contou conversa e sem demora respondeu: CHAPÉU DE COURO! Aos quinze já tomava conta de uma fábrica e de lá pra cá só tem ajudado a espalhar o nome de Cabaceiras.

A qualidade do material e da produção é tanta que eles chegam a fazer até 3.600 chapéus por mês e vendem também para vários estados do Brasil e até para o exterior. “As vezes falta matéria prima e pessoal qualificado para atender a demanda” diz Carlos, que se orgulha de ter confeccionado chapéus de couro para artistas e personalidades do país inteiro.

O preço de um chapéu de couro na fonte varia de R$ 8,00 a R$ 30,00 e um gibão bem trabalhado chega a custar até R$ 500,00.

Agora você já sabe. A cidade de cabaceiras na Paraíba produz um chapéu de couro de primeira, um chapéu que não tem cheiro, não deforma, não solta as tiras e apresenta estilos arrojados, incluindo chifres.


Rafaela Gomes de Oliveira

Cabaceiras: destaque na educação

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O município de Cabaceiras está localizado no Cariri Oriental da Paraíba, conhecido como a “Terra do Bode Rei” por realizar o maior festival de caprinos e ovinos do Brasil, e transformado na “Roliúde Nordestina” por ter servido de cenário para várias produções de cinema, como o Auto da Compadecida, Canta Maria,  Romance, entre outros filmes e documentários.

A cidade vem se destacando em vários aspectos e um dos pontos de destaque é a Educação. No ano de 2007, Cabaceiras recebeu o titulo de município aprovado da UNICEF, por suas varias ações na Educação, Saúde, Ação Social, Turismo e Cultura.

Desta vez a bucólica cidade encravada no Cariri Oriental da Paraíba, é a primeira cidade do estado paraibano a receber o Programa de Desenvolvimento Sustentável “AMIGOS DO PLANETA NA ESCOLA” do Instituto Brasil Solidário - IBS, uma entidade social sem fins lucrativos,  não governamental e sem fins políticos, que organiza em cidades do sertão brasileiro, o ”Programa de Desenvolvimento Sustentável: AMIGOS DO PLANETA NA ESCOLA”,  onde,  ao lado da Casas Bahia e demais mantenedores, leva diversos programas educativos gratuitos a escolas com o intuito de ajudar estas comunidades a gerar sua própria sustentabilidade, com cursos, palestras e  atendimentos diversos.

Estes projetos são realizados por um grupo de profissionais de diversas áreas que estarão visitando a cidade e uma escola cadastrada nos próximos dois anos e acontece através de parcerias entre empresas patrocinadoras, ONGs e apoio /suporte das prefeituras locais.

Os trabalhos acontecem seguindo um cronograma já definido, sempre dentro de escolas previamente escolhidas junto à coordenação, que servirão de base de apoio aos trabalhos, de forma que toda a comunidade próxima a esta escola poderá ser beneficiada diretamente.

A caravana do projeto chegará a Cabaceiras na manhã desta quinta-feira, às 08h00, e ficará até o sábado, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Abdias Aires de Queiroz, que é a escola base, e logo em seguida terá início o cronograma do Projeto, com uma vasta programação como:

- Programas de montagem da biblioteca;
-Doações de computadores a escola e outros bens;
-Instalações de materiais na escola;
-Atendimentos médico e odontológico seguindo a triagem;
-Palestras de saúde;
-Treinamentos para exame de vista futuros;
-Programa de meio ambiente (horta, arborização, viveiro e compostagem);
-Montagem do viveiro e demais ações ambientais;
-Ajudantes para os programas de saúde;
-Ajudantes para os projetos ambientais;
-Oficina de Comunicação integrada com adolescentes (foto, vídeo e rádio escola);
-Palestra de projetos para professores;
-Material esportivo em doação;
-Oficina de música;
-Cinema na escola;
-Oportunidade para a escola – programa de bolsas


Ação de capacitação da comunidade:

Outra ação voltada à promoção de produtos turísticos locais está na cuidadosa elaboração de folders, cartazes, logomarcas, slogans, imagens em vídeo e cds. A Prefeitura tem buscado a parceria de várias instituições especializadas na área, a exemplo do Sebrae, PBTUR (Empresa Paraibana de Turismo), Universidades Públicas e Privadas, entre outros.


 

As parcerias são voltadas para promoção de cursos, palestras, treinamentos, participação em feiras e demais eventos do gênero, com a finalidade de promover a capacitação empreendedora dos envolvidos com a atividade, bem como, proporcionar a conscientização da comunidade local. Um importante programa de capacitação a ser destacado é o “programa turismo na escola”, realizado, também, em parceria com o Sebrae. As escolas do município utilizam o turismo de diversas formas nos seus conteúdos curriculares. Trabalham aspectos da história, cultura e meio ambiente local. Alunos da oitava série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Abdias Aires de Queiroz produziram um “vocabodário”, a partir de um trabalho de pesquisa sobre expressões populares faladas no dia a dia, baseadas na cultura de caprinos. Foi produzido, também, literatura de cordel ligada ao setor. Durante as Semanas de Culturas são promovidas palestras, debates e oficinas com temas variados: dança, música, teatro, literatura, patrimônio histórico, cinema etc.


Ação de Apoio à Criação de Empreendimentos Turísticos

 As ações que os representantes do poder público afirmam terem sido desenvolvidas para o fortalecimento do turismo em Cabaceiras foram as seguintes: • Criação de pontos de comercialização de artesanato na cidade e incentivo para a abertura de outros. A revitalização da Praça General José Pessoa, patrimônio histórico do município, possibilitou a instalação de mais dois negócios: um de comercialização de artesanato local e outro de doces, biscoitos, água de coco etc; • Em parceria com Sebrae, está sendo montado um centro de qualificação profissional para artesãos que utilizam o couro como matéria-prima (principalmente o couro do bode), que é fruto de uma experiência bem sucedida – a cooperativa Arteza. Estimula, ainda, a participação destes artesãos em feiras regionais e nacionais; • Disponibilização de infra-estrutura de barracas para comercialização de bebidas e comidas nos principais eventos da cidade; • Estímulo ao surgimento de grupos musicais e vários artistas regionais por meio de apoio financeiro para “artistas da terra” nas produções de seus trabalhos, a exemplo da produção de cds, livros e cordéis, esculturas etc • Apoiou na construção do Hotel Fazenda Pai Mateus e na Pousada Rancho da Ema. No momento, está incentivando a criação de um novo equipamento de hospedagem local – a Fazenda Rural Santa Terezinha. • Construiu na cidade um centro de produção e comercialização de artesanato, que já é bem aproveitado para a realização de negócios durante os eventos na cidade. • De acordo com a percepção de representantes do poder público municipal, uma ação da prefeitura que tem se mostrado fundamental do incentivo ao surgimento de serviços ligados ao turismo reside na redução do ISS, imposto de competência municipal sobre serviços. Anteriormente a alíquota deste imposto era de 5% sobre quaisquer tipos de serviços. Foi verificado que ninguém pegava esse tributo e a Prefeitura fazia de conta que não existia. Com a elaboração de um novo código tributário a alíquota do ISS foi reduzida para 2%.