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Cabaceiras PB - A Roliúde Nordestina

Cabaceiras realiza tradicional Festa de São Bento

 

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A comunidade católica de Cabaceiras estará vivenciando a 117ª Festa de São Bento, no período de  31 de julho a 02 de agosto. A programação religiosa será aberta no Sábado (31) às 19h30 – Missa Solene de abertura da festa presidida por Padre Ednaldo, Administrador da Área pastoral de Santa Ana – Barra de Santana. A noite será dedicada a todas as comunidades da paróquia. E às 21h haverá– Abertura de Arte – Sacra Igreja de N. S. do Rosário. No dia 01/08 (Domingo), Exposição de Arte-Sacra e às 19h30 Missa dominical, presidida por Monsenhor Lourildo Soares da Silva (Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário / Prata – Campina Grande). No dia 02/08, Segunda- feira de São Bento, 06h Alvorada, Filarmônica Nossa Senhora da Conceição; 10h Missa dos Romeiros de São Bento presidida por Pe. Antonio Nelson (Adm. da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus/ Catolé – Campina Grande); 16h30 – Procissão com a imagem de São Bento e missa presidida por Pe. José de Assis Pereira Soares (Pároco da Paróquia de N. S. de Fátima / Palmeira – Campina Grande).

Programação Social

31/07 – Sábado – Forrozão Tempero Completo e Forró dos Primos a partir das 21h no Arraial Popular.

01/08 – Domingo – Forroresta com Inaldo e Paulo Rubens e Forrozão Fala Braba 21h no Arraial Popular.

02/08 – Segunda-feira de São Bento – 12h forró com Edgar e Trio Canarinho no Arraial Popular. Após a procissão, haverá Sambarato e Forrozão Karkará no Clube C.A.C


Festa de São Bento em Cabaceiras: Fé e política em um só lugar

 

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Sempre realizada na primeira segunda-feira do mês de agosto, a tradicional Festa de São Bento na cidade de Cabaceiras, continua a reunir centenas de fiéis. A procissão e a missa continuam sendo os principais atrativos do evento, assim como a presença das lideranças políticas, como o  Prefeito da cidade, Ricardo Aires, candidato ao senado, Vitalzinho (PMDB), a  candidata a deputada federal, Nilda Gondin (PMDB), além dos candidatos a deputado estadual, Álvaro Gaudêncio Neto (PMDB) e Guilherme Almeida (PSC), cujas presenças foram anotadas. O candidato a deputado estadual Álvaro Neto prestigiou a festa  e destacou  a  importância da  data  religiosa para o caririzeiro, assim como a sua contribuição quando político para a cidade de Cabaceiras.  “Não é de agora que volto as minhas atenções para o Município de Cabaceiras. Como deputado estadual e federal, há época, sob a liderança política dos amigos Abdias Aires e Jorge Gilson Pereira de Farias, viabilizei obras e ações  que beneficiaram e que ainda hoje continuam a favorecer os cabaceirenses”, declarou.


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27/11/2009 - Cabaceiras se prepara para a realização da 5ª Mostra de Cultura
A Prefeitura Municipal de Cabaceiras através da Secretaria de Educação, Cultura e Desportos, que tem como titular da pasta a professora Rosilene Nunes Albuquerque de Oliveira, realizará no período de 03 a 08 de dezembro próximo, um dos maiores eventos culturais do Cariri paraibano: a Cabaceiras Mostra Cultura, em sua décima edição.   O evento tem como principal objetivo incentivar a produção artística local e regional, ao mesmo tempo em que estará resgatando, incentivando e fortalecendo a Cultura e o Turismo como alternativa de geração de emprego e renda no semi-árido paraibano.   Dessa vez a secular “TERRA DOS CRUZEIROS” homenageará o compositor e instrumentista Luiz Belo da Silva (Luiz do Banjo). Trata-se, segundos os organizadores, uma merecida e justa homenagem a quem tanto contribuiu para o engrandecimento cultural de Cabaceiras.   Durante cinco dias os cabaceirenses e o público em geral poderão dispor de uma programação bastante diversificada que constará de artes plásticas, teatro, cinema, dança, poesia, música, fotografia, artesanato, palestras, seminários, entre outras atividades. Vale salientar que este ano teremos (entre outras atrações) a participação de Santanna, O Cantador, Clã Brasil e Os Três do Nordeste.   Artistas da terra terão suas obras divulgadas, livros e cordéis serão publicados, a exemplo do folheto “Jackson do Pandeiro e Luiz do Banjo" de autoria do poeta, compositor, dramaturgo e historiador Paulinho de Cabaceiras. No referente à poesia, a festa terá ainda a participação dos poetas repentistas Erasmo Ferreira e Severino Feitosa.   Portanto, Cabaceiras, a “Roliúde Nordestina”, espera de braços e coração abertos todas as pessoas que queiram nos prestigiar com suas dignas presenças, durante a realização desse grande evento da cultura do Nordeste brasileiro

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BODE REI - SOCIAIS

Maranhão quer programa para recuperar a caprinocultura

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Os produtores rurais da Paraíba podem ficar tranqüilos porque o Governo do Estado vai iniciar um programa de apoio à atividade da caprina-ovinocultura, dando ênfase a expansão do número de reprodutores e matrizes das melhores raças destinadas ao corte e a produção de leite, para recuperar o tempo perdido e fortalecer essa atividade que é a vocação do semi-árido nordestino, foi o que anunciou na noite de sexta-feira (5), o governador José Maranhão ao participar da XI Festa do Bode Rei, que acontece em Cabaceiras.

Acompanhado do vice-governador Luciano Cartaxo, de auxiliares, entre os quais os diretores Técnico da Emater, Afonso Cartaxo e Francisco Morais da Empresa Estadual de Pesquisas Agropecuária (Emepa), e do deputado Guilherme Almeida, o governador foi recebido pelo prefeito Ricardo Aires e por vereadores de Cabaceiras. Conversou com lideranças municipais e cumprimentou criadores e participantes da Festa do Bode Rei, que acontece todos os anos na cidade.

O governador lembrou que na sua gestão passada importou excelentes animais das raças Bôer e Savanna para melhorar o plantel Emepa, no entanto o trabalho de melhoramento genético feito com muito gosto pelos pesquisas não teve continuidade nem as pesquisas existentes estão chegando aos produtores rurais.

Também falou sobre a ampliação de duas estações experimentais de pesquisas, que são as de Campo de Santana e Pendência, como reforço para que as atividades pudessem ser realizadas com mais eficiência, como realmente vinha acontecendo. “Lamentavelmente este extrato racional que importamos com todos os cuidados foram dispensados, inclusive fizeram até churrasco com reprodutor Bôer que valia muito dinheiro”, disse. 

Acrescentou que a meta é dar continuidade do programa de melhoramento genético, segundo ele praticamente interrompido durante a gestão anterior. A meta é fazer com sejam criado condições para se ter animais cada vez com qualidade excelente, de modo a ajudar na ampliação do rebanho, seja destinado a produção de leite ou para corte.

“Entendemos da importância que a pecuária de pequeno porte de caprinos e ovinos tem para a economia rural da Paraíba. Por isso estamos trabalhando com todo a força e com rapidez para reorganizar este plantel e poder, novamente, distribuir com os criadores um reprodutor e uma matriz de qualidade para a melhoria da caprina-ovinocultura do nosso Estado”, garantiu.

O governador disse que a realização da Festa do Boi Rei é uma atividade que estimula a atividade porque não é composta apenas dos festejos que acontecem à noite na praça para o divertimento das pessoas, mas contém uma programação de discussões acerca dos benefícios e da melhoria desta pecuária, com a participação de pesquisadores, estudiosos e criadores.
A Festa foi criada durante sua gestão passada e como das vezes anterior, foi recebido festivamente pelos organizadores, e agora ainda mais pelo prefeito Ricardo Aires. “Cabaceiras sabe o que fizemos e nos propomos fazer ainda mais por essa terra”, disse.

Aberta na sexta-feira, a programa prossegue até este domingo, dia 7, com a realização da Expofeira de Caprinos e Ovinos, shows, degustação de pratos preparados a partir da carne caprina e ovina, artesanato, competições, seminários, forró-pé-serra. Os participantes também puderam tomar conhecimento dos potenciais turísticos da região, do seu parque ambiental e histórico.

Município da PB faz festa para eleger o bode-rei

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 Animal é uma das principais fontes de renda da região de Cabaceiras.
Festa tem grupos de teatro, quadrilhas, artesanato e culinária.

O município de Cabaceiras, na Paraíba, faz festa para eleger o bode-rei. Já são 11 anos de homenagens para o animal considerado uma das principais fontes de renda da região.

 Na cidade conhecida como Hollywood nordestina, o principal astro é o bode, animal festejado como um rei. O município tem pouco mais de 4,9 mil habitantes que, durante cinco dias, celebram o reinado do animal que representa a economia da região. 
           
A Festa do Bode-Rei reúne criadores de várias cidades. O criador Jeremias Souza levou a cabra Farrista para participar do concurso leiteiro. “É uma boa para a minha fazenda e para a minha criação”, avaliou.
Na festa, são realizadas várias competições. O bode mais bonito é escolhido como rei. Grupos de teatro animam o evento e um arraial é montado para apresentações de quadrilhas juninas. A culinária da região é mais um dos destaques. Outro atrativo é a feira de artesanato, com mais de 20 barracas.
A Festa do Bode-Rei de Cabaceiras termina no domingo (7).


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BODE REI – O GRANDE FESTIVAL

Com o slogan “Bode Rei - Ano X - Evolução e Sucesso”, Cabaceiras, conhecida como a “Roliúde Nordestina, apresenta a X Festa do Bode Rei - Festival de Caprinos e Ovinos da Paraíba com o objetivo de congregar todos os agentes produtivos da cadeia da caprinovinocultura e do turismo, bem como: profissionais do setor, instituições de pesquisa e extensão, órgãos públicos, comerciantes, estudantes e o público em geral.


São dez anos de sucesso, e neste ano serão cinco dias de muitas atividades. A festa acontece ao longo da avenida principal da cidade, onde o turista poderá tornar-se um exímio entendedor do universo bodístico. Desde a identificação da grande variedade de raças nacionais e internacionais, até degustar pratos típicos da culinária bodística como buchada e picado, pizza de bode, bodioca, lingüiça de bode, queijo e o exclusivo doce de xique-xique, entre outras variedades típicas da região.


A festa ocupa quatro espaços principais: Parque do Bode, Arraial do Bode, Praça do Bode e Bode Rei Hall. No Parque do Bode, 80 currais são colocados à disposição dos criadores para exposição e comercialização de animais e uma arena é destinada à realização dos concursos: Cabra Leiteira e Melhor Buchada e às competições envolvendo criadores como: Pega Bode, Fórmula Bode, Gincana de Bode e Triatlon de Bode.
No Arraial do Bode a ordem imperial de sua realeza - o Bode - é a de que ninguém pode ficar parado. Diariamente acontecerão atrações culturais mescladas pela apresentação de trios forró-pé-de-serra e grupos folclóricos, que se apresentarão garantindo o arrasta-pé dos turistas. Ao seu redor barracas são montadas formando o Espaço da Culinária Bodística (Praça de alimentação), onde podem ser encontrados as mais variadas delícias à base de bode.


Na Praça do Bode (Praça do Artesanato) o couro do bode vira arte pelas mãos de artesãos e são exportados para o mundo. À noite no circuito do bode (Bode Rei Hall), o show fica por conta das mais famosas bandas de forró do nordeste, que prometem animar a multidão até o raiar do dia e  para encerrar  no último dia, todos são atraídos para o caloroso arrastão do Bode Rei, um bloco de forró puxado por trio elétrico.




 

A FESTA DO BODE REI - FESTIVAL DE CAPRINOS E OVINOS DA PARAÍBA, Além de promover a caprinovinocultura se constitui numa grande manifestação da arte e cultura nordestina,  envolvendo exposições, artesanato, shows musicais, competições, apresentação de grupos folclóricos etc, sempre visando fortalecer e divulgar a cultura regional, incentivar a caprinovinocultura, e turismo como alternativa de desenvolvimento sustentável da região, através da geração de emprego e renda.


O reino do bode
SACA DE LÃ
, uma das atrações turísticas de Cabaceiras, PB, terra de Beto I, eleito o animal mais representativo da espécie na 9a Festa do Bode Rei O que é bode? Segundo filólogos, é um substantivo masculino. Pode ser bicho (o macho da cabra, pai dos cabritinhos), sinônimo de confusão, protestante, caixinha envernizada para guardar coisas, situação embaraçosa, estado de sonolência, irritação ou depressão. O termo possui muitos significados, conforme demonstra o "vocabodário", minivocabulário de expressões relacionadas à caprinocultura compilado por estudantes de Cabaceiras, PB, sob a coordenação da pesquisadora, professora e jornalista Geneceuda Monteiro, que publicamos no correr das próximas páginas.

Bode também pode ser o demo, um homem libidinoso, um mulato como o poeta, advogado e abolicionista Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), autor do poema "Quem Sou Eu?", no qual expôs a amplitude social da espécie - o folclorista Câmara Cascudo publica-o na íntegra em seu Dicionário do Folclore Brasileiro. Luís Gama inicia-o assim: "Se negro sou, eu sou bode/Pouco importa, o que isso pode?/Bodes há de toda a casta/Pois a espécie é muito vasta/Há cinzentos, há rajados/Baios, pampas e malhados/Bodes negros, bodes brancos/E, sejamos todos francos/Uns plebeus e outros nobres/Bodes ricos, bodes pobres/Bodes sábios, importantes/E também alguns tratantes/Aqui nesta boa terra/Marram todos, tudo berra..."

 

Em Cabaceiras, município situado a 183,8 quilômetros de João Pessoa e 64,9 de Campina Grande, o bode é tudo isso e muito mais. É o rei. O imperador do sertão. O animal cuja espécie, adaptada às condições adversas do semi-árido nordestino, sustenta a economia de centenas de municípios e a vida de milhares de pessoas. Você já ouviu falar de sua majestade Beto I (primeiro e único)? Pois ele foi eleito Bode Rei 2007 no mês passado, numa festa à qual compareceram mais de 40 mil pessoas, inclusive do exterior. Mestiço de anglonubiano com SRD (sem raça definida), com 124 quilos de peso, ele derrotou reprodutores de sangue saanen, alpino, toggenburg ou boer, bichos do porte de Capitão, Graúna, Canário, Galego, Rifocina, Manchado e Alemão - sim, Alemão. Os cabaceirenses pensaram em instituir um BBB (Big Bode Brasil) como brincadeira adicional às já programadas para os quatro dias de folia, a exemplo do "fórmula-bode", corrida de caprinos em raia, ou do "pega-bode", na qual adultos e crianças tentam pegar cabritos soltos num cercado natural, mas optaram na criação do "Bé, Bé, Bode", também denominado "Bode Beleza Brasil", espécie de concurso para eleger o macho mais bonito, com votação pela internet.


Beto ganhou nota máxima nos quesitos "porte", "elegância" e "desenvoltura" ao desfilar no tapete vermelho diante do júri. Aclamado rei sob aplausos e vivas da multidão, subiu ao trono (um praticado de madeira a dois metros do chão), onde permaneceu meia hora - coroa de couro na testa e manto também de couro no lombo -, tirando fotos com turistas. Depois, almoçou regiamente, descansando até às cinco da tarde (hora do chá), quando então saiu em carreata pelas ruas da cidade, escoltado pela Garota Bode Rei, Mariana Castro, escolhida entre as meninas mais bonitas da cidade.

"Eu não esperava a vitória", diz o criador Adeilton Araújo de Farias, o Bibi, com o troféu de campeão nas mãos, 400 reais no bolso (ajuda de custo para o criador campeão) e largo sorriso no rosto. Bibi parecia sincero. Afinal, nunca houve um Bode Rei mocho. Nos oito concursos anteriores, venceram machos com portentosos chifres - critério com peso significativo no julgamento. Dono do plantel de 300 cabeças, entre caprinos e ovinos, ele contabilizava ganhos futuros devido à valorização do animal e, por extensão, do próprio rebanho. "Um fazendeiro recusou cinco mil reais por seu campeão", conta, emendando a frase com uma pergunta: "Sabe quanto custa um bode qualquer no Cariri?" A resposta já estava engatilhada: "Preço de carne". Ou seja, seis reais por quilo - os caprinos SRD pesam 60 quilos, em média.



 

Cabaceiras é o município mais seco do Brasil, com precipitação média abaixo de 300 milímetros - no semi-árido, varia de 500 a 700; no país, de 1.200 a dois mil. O mais "aguado" do país é Calçoene, no Amapá, com média anual de 4.165 milímetros, segundo pesquisas da Embrapa. Às vezes, não chove nem no inverno no Cariri. As nuvens passam bojudas sobre a cidade mas não deixam cair uma gota, conforme diz a população. Cabaceiras caracteriza-se pela aridez, clima seco, temperaturas altas durante o dia e amenas à noite, terreno pedregoso, formações rochosas imponentes, como a Saca de Lã (pedras retangulares empilhadas pela natureza) ou o Lajedo do Pai Mateus, e pela vegetação arbustiva da caatinga, verde no inverno (o período chuvoso, que vai de janeiro a julho na região), cinza, seca, espinhenta e rala no verão, quando o Sol desidrata tudo e todos.

"É o reino do bode", afirma Sebastião de Lima, do povoado da Tapera, incrustrado na fazenda Pai Mateus, de três mil hectares. Cabaceirense nato, pai de dez filhos, ele cuida de parte do rebanho da propriedade - cerca de mil cabeças, entre caprinos e ovinos - além de seus próprios animais, "50 bichinhos mirradinhos, sem nome, sem documento". Em sua opinião, o bode "é a cabeça da história" - exemplo de resistência à seca e à escassez hídrica e alimentar. "Sem o bode, o homem não vingaria no sertão", diz ele, taxativo. Com 4.920 habitantes, segundo o censo do ano 2000 do IBGE, Cabaceiras abriga rebanho de 25 mil cabeças. Ou seja, cinco vezes mais que a população. No distrito de Ribeira, cerca de 1.400 pessoas trabalham no curtimento e artesanato de couro, atividades responsáveis por 78% da receita gerada da prefeitura. Centenas de municípios nordestinos promovem eventos ligados à caprinocultura. "Bode é rei em Cabaceiras/Prata, Monteiro, Sumé/Sertânia, Arcoverde, Crato/Juazeiro, Canindé/Dá show em Tejuçuoca/Faz festa em Itapipoca/Pombal, Souza e Catolé/Bode dita lei e regra/Em Icó, Tauá, Iguaçu/Campina Grande, Queimadas/Caxixola, Mulungu/Afogados da Ingazeira/Belo Jardim e Pesqueira/Bezerros, Caruaru...", cantam, em dueto, os cordelistas Manoel Monteiro e Divaldo Lima, autores dos versos acima. O bode tem cadeira cativa no imaginário coletivo do sertanejo, ao lado do "Padim Ciço", do Conselheiro, de Lampião, da vaquejada, dos cantadores, do sanfoneiro, do baião (e de Gonzagão). Faz parte do dia-a-dia da população desde os tempos da colonização.

"Recordo sem nenhuma vergonha e sem nenhuma saudade que ao nascer tive por berço uma esteira de piripiri e por ama-de-leite não uma bondosa 'negra ladra' como a Guilhermina, do poeta (também paraibano) Augusto dos Anjos, mas uma dócil cabra preta de pelo luzidio, olhos amarelados e tetas generosas", escreve Manoel Monteiro, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Manuel lembra, a propósito, a frase do escritor, poeta e advogado Ariano Suassuna, criador de bode na região de Taperoá, PB, em sociedade com seu primo Manoelito Dantas: "Uma das cenas mais bonitas, cavaleiras e fortes que já vi em minha vida foi a de um pai-de-chiqueiro (reprodutor dominante) enorme e preto cobrindo uma vermelha e nova novilha-de-cabra, num pedaço áspero e bruto da caatinga sertaneja".


 

Nada mais justo, portanto, do que a homenagem à espécie. Realizada este ano de 7 a 10 de junho, a Festa do Bode Rei é uma das iniciativas da prefeitura no sentido de incrementar a economia, valorizar a cultura, a história, o meio ambiente, a arquitetura e a gastronomia locais e resgatar a auto-estima da população, desgastada pela "pecha" de local mais seco do país. Cabaceiras inverteu o sentido negativo de tal título, aproveitando-o como instrumento de promoção turística. Uma das atrações é o Museu Histórico e Cultural do Cariri Paraibano, instalado na velha delegacia invadida há quase 100 anos pelo bando do cangaceiro Antônio Silvino (18772-1944), famoso no sertão antes de Lampião começar suas estripulias. Há outras, como a Festa de São Bento, os festejos juninos, o "bumba-meu-bode", variação do bumba-meu-boi tradicional, com a substituição do boi pelo bode e a inclusão da ema, ave típica do Cariri, entre outras personagem do bumba-meu-boi tradicional, como a Catirina, a Burrinha, além dos 12 Cruzeiros, um dos quais motivo de romaria - foi erigido em homenagem a Zefinha, menina de três anos assassinada em circunstâncias misteriosas.

As atrações mais concorridas são, no entanto, o Lajedo do Pai Mateus, a própria cidade, transformada em pólo cinematográfico, e a Festa do Bode Rei, com várias atividades interligadas: parque de exposições de animais, produtos e serviços, onde ocorrem o julgamento das raças e o concurso da cabra leiteira; arraial com barracões de madeira destinado à venda de artesanato; praça de apresentações musicais e praça da alimentação.

Você conhece a chamada "culinária bodística", formada por tudo quanto é tipo de prato à base de bode (na verdade, cabritos, de carne mais tenra)? Já provou "estrogobode" (estrogonofe com carne de bode), "quibode" (quibe com...), "bedeoca" (tapioca feita com creme de leite e...). A variedade é enorme. Tem pizza, lasanha, hambúrguer, almôndega, lingüiça, buchada, suflê, churrasquinho, bife a rolê. Come-se muito MecBode, iguaria desenvolvida com ajuda técnica do Núcleo de Processamento de Alimentos da UFPA - Universidade Federal da Paraíba. A receita inclui hambúrguer de bode (obviamente), queijo, alface, tomate e cebola - não se põe gergelim nem aquele molho "especial" (em tempo: a grafia correta do prefixo é "Mec" e não, "Mac" - é uma homenagem ao Ministério da Educação e Cultura). Quer beber alguma coisa? Tem "xixi de cabrita" (mistura de leite de cabra, aguardente, baunilha - ninguém revela a receita completa), "pinga-bode" (leite de cabra, cachaça e umbu), e outras bebidas. "Délícias", diz o povo.

Em Cabaceiras, caprino é sinônimo de festa. A cidade embeleza seus casarões, igrejas, praças e ruas com bandeirolas, se pinta, passa perfume. De dia, é limpa, alegre, colorida como uma fêmea malhada ou um macho "tataruga" (manchado). À noite, é transe, bodejo, som. Tudo se transforma. É hora das apresentações musicais, das companhias de dança, das quadrilhas da terra ou convidadas, do forró de pé-de-serra sacolejando os casais até o Sol raiar. Sua majestade, Beto I, já se recolheu. Tem muitos compromissos amanhã.



 

A pedra é o elemento preponderante no Cariri Oriental Paraibano, além da vegetação arbustiva característica da caatinga e da secura geral do sertão. Elas estão sempre lá, pontilhando a paisagem. A região abriga formações diversas, como a Saca de Lã e o sítio Manoel de Souza, com inscrições rupestres em grutas e lajes. A natureza caprichou principalmente no Lajedo do Pai Mateus, elevação de rocha magmática de um quilômetro de extensão sobre a qual equilibrou enormes blocos arredondados de granito, esculpidos ao longo dos séculos pela ação dos ventos. Situada a 20 quilômetros da cidade, é um local de beleza única, carregado de mitos e mistérios. Segundo pesquisadores, o lajedo foi centro cerimonial ou local sagrado para os povos indígenas pré-históricos que habitaram a região. O nome é atribuído a um ermitão, talvez um escravo fugido dos senhores nos tempos de escravidão - a lapa em que ele morava ainda se mantém intacta. Abriga inscrições nas paredes e lascas de pedra de formatos diversos usadas como mesa ou parede de proteção do abrigo.




Você viu o filme ou a minissérie O Auto da Compadecida, da TV Globo, baseada em obra homônima de Ariano Suassuna? Lembra de Fernanda Montenegro no papel de Nossa Senhora? De João Grilo (o ator Matheus Nachtergaele)? Chicó (Selton Mello)? Do cangaceiro interpretado por Marco Nanini? Pois é! Várias cenas foram filmadas no município. Quem chega a Cabaceiras respira cinema antes de cruzar a ponte sobre o rio Taperoá, à entrada da cidade. A um quilômetro de distância é possível divisar o letreiro "Roliúde Nordestina", afixado a enorme suporte de madeira, como na "Hollywood" norte-americana.

A idéia é do escritor, advogado e cineasta bissexto Willis Leal, idealizador, também, da Festa do Bode Rei. O dístico brotou como sátira e virou atrativo turístico, além de bom negócio. Orgulho dos cabaceirenses, o pólo cinematográfico local constitui-se do casario colonial, ruas e praças, uma cidade cenográfica construída perto do rio Taperoá, e a paisagem rural. Você lembra da mata seca ao longo da estrada de terra no filme Cinema, Aspirina e Urubus, do diretor pernambucano Marcelo Gomes? É Cabaceiras, no verão. No total, 23 produções tem como cenário o município, incluindo filmes de longa e curta-metragem e documentários.


Durante dois meses, sob a coordenação da pesquisadora Geneceuda Monteiro, estudantes fuçaram livros, tratados, textos de autores regionais e dicionários comuns, conversaram com professores, produtores rurais, parentes e vizinhos, sondaram a memória coletiva do município. O resultado é o Minidicionário Bodês, listagem de substantivos, adjetivos, verbos, metáforas e expressões populares relacionadas caprinocultura. Confira:

bafo-de-bode - s.m. pop mau hálito de quem bebe muita cachaça, catinga de boca
barba-de-bode - s.f. barbicha rala
barbicha-de-bode - s.f. barba pequena e rala semelhante à barba de bode; barba de adolescente (pop)
bê ou béééé - onomatopéia: som produzido pelos caprinos em geral
berrar - v. da onomatopéia bé (da voz da cabra), soltar berros, falar muito alto, gritar, rugir, chamar ou falar aos berros
berrador - s.m. aquele que berra
berrante - s.m. que berra, cor forte, instrumento de sopro feito com chifres, usado por boiadeiros em comitivas de gado
berregar - v. berrar muito alto, freqüentemente
berrego - s.m. berros altos, gritos contínuos
berreiro - s.m. berros altos, gritaria, choro muito forte
berro1 - s.m. som emitido pelos caprinos, grito alto de gente rude
bode1 - s.m. caprino em geral, macho da cabra, caixinha envernizada para guardar dinheiro, matula, farnel, segredo, mistério, de que os elementos de uma especialidade profissional procuram cercar os seus atos
bode2 - s.m. pop. homem muito feio (figurado), mulato, crioulo, indivíduo libidinoso, sátiro, protestante (gíria nordestina para designar os adeptos desta corrente do cristianismo), cada uma das figuras do baralho, em especial o valete, mil-réis (gíria antiga), estado de sonolência provocado por droga
bodeado - adj. chateado, amolado, amuado, mal-humorado
bode-expiatório - s.m. pessoa sobre quem se faz recair as culpas alheias ou a quem são imputados todos os reveses
bodeiro - s.m. criador ou matador de caprinos
bode-azul - especialista em comunicações (gíria da marinha brasileira)
bode-preto1 - especialista em máquinas (gíria da marinha)
bode-preto2 - pop. o demo, o coisa-ruim, o chifrudo, belzebu e outros sinônimos do diabo
bode rei1 - bode escolhido através de concurso para ser coroado como rei durante a festa tradicional de Cabaceiras, PB
bode rei2 - s.m. nome da festa realizada anualmente no município de Cabaceiras, PB, para enaltecer os valores da caprinovinocultura, fortalecendo a economia local, o desenvolvimento turístico e cultural da região
bode-rufiador - adj. diz-se o rufião
bode-rufião - s.m. pop. bode encarregado de atiçar as cabras (sem cobri-las) para identificar quais estão no cio
bode-verde - especialista em hidrografia (gíria da marinha)
bode-vermelho - especialista em armamento (gíria da marinha)
bodês* - s.m. pop. neologismo cabaceirense relativo ao vocabulário caprino, o "vocabodês"
bodeto - s.m. pop. bode novo
bode-velho - s.m. pop. homem velho metido a conquistador
bodiano - adj. neologista cabaceirense para designar tudo o que é relacionado ao bode
bodinho1 - s.m. diminutivo de bode, bode novo, cabrito
bodinho2 - s.m. pop. nome dado a carros populares (o antigo jeep, por exemplo), adolescente namorador
bodístico - adj. outro neologismo cabaceirense: diz-se de todo o universo caprino
bodum - s.m. fedor de bode não castrado, mau cheiro
bolotinho-de-cabra - s.m. brincadeira infantil, o mesmo que bostinha-de-cabra
caba - adj. pop. variação de cabra, "caba-ruim", "caba-bom"
cabra1 - s.f. a fêmea do bode, mulher que grita muito
cabra2 - s.m. adj. pop. homem do Nordeste, cangaceiro, bandido, pessoa de cor branca e cabelo crespo, filho de pai branco e mãe negra (ou vice-versa), mulher devassa
cabra arretado (retado ou arreitado) - s.m. pop. diz-se de um cabra bom, correto, merecedor de elogios (arretado é uma palavra-ônibus que indica numerosas idéias apreciativas)
cabra besta - s.m. pop. indivíduo vaidoso, metido a rico ou a bacana, orgulhoso, presunçoso
cabra bom - s.m. pop. cidadão decente
cabra caloteiro - s.m. pop. velhaco, aquele que não paga nem promessa a santo
cabra da peste - s.m. pop. diz-se do indivíduo valente, corajoso, competente
cabra frouxo - s.m. pop. diz-se do indíviduo covarde, medroso
cabra macho - s.m. pop. corajoso, valente, forte, viril
cabra nojento - s.m. pop. sujeito indecente, sem modos, vulgar
cabra ruim - s.m. pop. diz-se de quem é mau
cabra safado - s.m. pop. homem de má índole, sem vergonha
cabra sarado - s.m.. pop. indivíduo esperto, astuto
cabra-cega - s.f. brincadeira em que uma criança de olhos vendados tenta agarrar outra
cabrão - s.m. pop. criança que berra muito, corno, chifrudo
cabra-onça - s.m. pop. valentão
cabra-seco - s.m. pop. valentão, destemido
cabra-topetudo - s.m. pop. valentão, corajoso
cabreiro1 - s.m. pastor de cabras
cabreiro2 - adj. desconfiado
cabril - s.m. curral de cabras (OB o termo "aprisco", usado às vezes como sinônimo de cabril, designa curral de ovelhas)
cabriola - s.f. salto de cabras
cabriolar - v. dar cabriolas
cabrita1 - s.f. cabra pequena
cabrita2 - s.f. mestiça ainda nova
cabritar - v. saltar como os cabritos
cabritinho1 - s.m. cabrito novinho
cabritinho2 - s.m. pop. jovem moreno escuro ou mulato
cabritismo - s.m. pop. agitação, sensualidade, libidinagem
cabrito1 - s.m. bode novo, pequeno
cabrito2 - s.m. pop. criança inquieta, menino danado
cabroeira - s.f. coletivo, diz-se de um bando de cabras ruins, ou cabras feios ou bandidos
cabruêra - s.f. nome de uma banda de música regional
capa-bode - s.f. planta da caatiga que serve para fazer vassoura, caipira, matuto, mocorongo
capro - s.m. o mesmo que bode
caprum - s.m. fedor
chupa-cabra - s.m. pop. apelido dado a um cabra muito feio
frei-bode - s.m. pop. diz-se de protestantes
mec-bode - s.m. sanduíche feito com hambúrguer de carne de bode, prato típico da gastronomia bodística cabaceirense
(Obs.: a grafia correta é "mec", conforme a pronúncia de "mac" em inglês)
mijo-de-ovelha - adj. Pessoa imprestável
pai-de-chiqueiro - s.m. o reprodutor, cabra fedorento
pé-de-bode - s.m. pop. apoio feito com as duas mãos para erguer alguém, sanfona de oito baixos
pé-de-cabra - s.m. alavanca de ferro com uma das extremidades fendidas à semelhança do pé da cabra, instrumento utilizado para arrombar portas
pega do bode - s.f. brincadeira realizada durante a Gincana do Bode Rei em Cabaceiras
pinga-bode - s.f. bebida alcoólica à base de cachaça e leite de cabra
pizza-bode - s.f. pizza recheada com carne de bode, prato típico da gastronomia bodística cabaceirense
vocabodário - s.m. neologismo criado para designar o conjunto de palavras e expressões bodísticas
vocabodês - s.m. diz-se do dialeto caprino
x-bode - s.m. sanduíche com queijo e carne de bode, prato típico da gastronomia bodística cabaceirense
xixi-de-cabra - s.m. licor refinado que não deixa "bafo de bode"

DITOS POPULARES
Isso vai dar bode - vai acabar em confusão
Amarrar o bode - ficar de mau humor
Estar de bode amarrado - mal humorado
Dormir com as cabras - estar fedendo
Vou capar o bode! - expressão utilizada pelo pai cuja filha foi desonrada por algum cabra safado
Não vou segurar cabra para bode mamar! - não facilitar as coisas para os outros, principalmente quando se trata de pessoas preguiçosas ou oportunistas, o mesmo que "não vou criar galinha para dar pinto a ninguém"
Prendam suas cabritas que meu bode está solto! - expressão utilizada por pais de adolescentes em fase de namoro, principalmente pelo pai orgulhoso da boa aparência e virilidade de seu filho
Olha só onde fui amarrar meu bode! - exprime a concordância com idéias malucas, se meter em confusão, entrar em famílias desajustadas etc.